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Instituto de gastronomia social ensina muito além do que as técnicas dos bolos

Foto: Marlon Soares / Voz das Comunidades

O Instituto Alimentando Sonhos (AS) mostra como a gastronomia pode ser uma ferramenta de transformação social. Fundado este ano por Thaísa Nascimento, de 30 anos, moradora do Morro da Baiana, a iniciativa se dedica a capacitar mulheres de favelas, proporcionando conhecimentos que podem mudar suas realidades e as de suas famílias.

Com uma estrutura curricular que inclui panificação, decoração de bolos e qualidade dos ingredientes, os cursos oferecidos não se limitam a técnicas de confeitaria. Abordam também temas que preparam as alunas para o mercado de trabalho. E esse foco na praticidade, no conhecimento de forma acessível é fundamental em uma área tradicionalmente elitista, na qual o acesso às técnicas mais avançadas é, muitas vezes, restrito a um grupo pequeno com grande poder aquisitivo.

Alunas do curso relatam que estão aplicando as novas habilidades para expandir os seus comércios, demonstrando o impacto direto que ele tem na realização de sonhos e na geração de renda. Thaísa, não é apenas uma professora; ela se dedica a garantir que suas alunas se sintam confiantes e capacitadas. “Se alguém falar que tem medo de fazer, eu vou ensinar”, afirma.

O curso também leva em conta a realidade do mercado local, garantindo que as alunas aprendam a produzir itens que são procurados e consumidos na favela. Isso demonstra a consciência social e econômica do projeto, que contribui não apenas para o desenvolvimento individual das alunas, mas também para a economia local como um todo.

A luta contra as desigualdades sociais é complexa, mas iniciativas como o Instituto AS mostram que é possível construir um futuro mais justo e igualitário através da educação e da capacitação, especialmente para mulheres negras e periféricas. 

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2022, a taxa de desemprego de mulheres negras era de 12% e em 2023, diminuiu apenas para 11,1%. Ainda, segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em 2023, o percentual de mulheres negras que recebiam até um salário mínimo correspondia a 49,4%. 

Ao empoderar essas mulheres, Thais e seu projeto não ensinam apenas a fazer bolos. Eles criam uma rede de solidariedade e oportunidade, onde sonhos podem se transformar em realidades palpáveis e sustentáveis. O Instituto AS destaca-se como uma iniciativa de gastronomia social que vai além dos objetivos educacionais. Ele promove a inclusão, a independência e a transformação social em um contexto de profunda desigualdade.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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