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Obra do projeto Bike Park derrapou no esquecimento

O que pode estar acontecendo por trás de uma obra pública abandonada? Nossa reportagem foi visitar o canteiro de obras do projeto Bike Park ou “parque das bicicletas”: complexo ciclístico que será erguido no Complexo do Alemão pelo Governo do Estado através da Secretaria do Esporte e Lazer, em parceria com a Light.

A necessidade de uma área de lazer, nesta localidade do Alemão, é evidente para quem chega ao local. Há carência por todo lado. Moradores que habitam em volta da construção reclamam do abandono do projeto que traria movimentação para o local. O alto da Pedra do Sapo é cercado por um grande terreno de mata, esquecido pelas instituições. Ruas, becos e vielas ficam vazias e sem movimentação de populares. A comunidade convive também com a falta de iluminação e a escuridão total em alguns lugares. Moradores preferem não sair de suas casas à noite. Com as obras concluídas o local seria movimentado por turistas, desportistas e pela população de outras regiões do Complexo do Alemão além de gerar rendas para bares e lojas que ainda sobrevivem no local.

No projeto, seriam construídos 1.100 metros quadrados de área pavimentada, 4.500 metros de área construída, praças, espaços de lazer e de alimentação, galpão para realização de eventos, além de uma escolinha de ciclismo destinada aos jovens do Alemão.


Nossa reportagem está de olho, desde Junho.

Ao visitar a obra, ficamos impressionados. Crianças brincam em meio aos entulhos, vergalhões, crateras enormes e muito lixo. “As obras estão paradas há meses. É um risco enorme pras crianças que, por falta de opção, acabam se arriscando,aqui.” – diz um morador.

O prazo de conclusão da obra era Junho deste ano. A iluminação, nos arredores da pista, não existe e a partir das 20:00h a escuridão é total. Questionado sobre o abandono do canteiro e o atraso das obras, Daniel Barcinski – Diretor do Projeto Travessia afirma: ”A construção do galpão está a todo vapor. Apenas o entorno e acabamento da pista é que ainda aguardam a licença ambiental que sairá a qualquer momento.”

O acesso é muito dicil e ainda não está preparado. Com as obras inacabadas e as estruturas abandonadas no espaço onde seria construída uma das maiores pistas de corridas e manobras, do Brasil, os moradores da Comunidade do Sapo estão cada vez mais ansiosos com a falta de noticias. A promessa era de um investimento de cerca de três milhões de reais só em obras. O ano acabou e a obra continua parada.

Sobre a falta de uma placa, de segurança para os moradores e o atraso, fomos informados que são de responsabilidade da TF Engenharia. Procurada, a Assessoria de Imprensa do projeto nos enviou um resumo de como será o Bike Park mas não deu previsões de quando as obras serão retomadas.


Fique por dentro

Hoje em dia, não é normal uma obra como estas ficar parada ou atrasar tanto assim o cronograma. Principalmente quando existe o risco de material exposto, de acidente para as comunidades vizinhas e a falta de vigilância. A responsabilidade sobre aquelas crianças que entram no canteiro de obras é da Construtora e dos órgãos do governo que contrataram a obra. Neste caso, é inaceitável que estejam pondo em risco crianças e moradores.

O que o morador pode fazer, neste sendo? Deve procurar nome e dados dos responsáveis fixados em local visível no canteiro de obras. Caso não haja placa, temos um indício de que há algo errado. Neste caso, devem fazer uma reclamação junto á Prefeitura.

Se o prazo da obra não for cumprido, a empresa contratada para fazer a construção pode receber alguma punição se estiver previsto no contrato. Atraso em obras públicas, sem justificava aceitável, acaba gerando prejuízos com o seu, o meu e o nosso dinheiro. A comunidade é sempre a maior prejudicada.

O que a lei exige, é que o órgão publico responsável pela obra e a construtora devem fazer o levantamento de riscos socioambientais. Ou seja: antes mesmo de pedir autorizações para fazer a obra, é importante listar os riscos que podiam causar às pessoas que estão próximas e ao meio ambiente. Os moradores de Pedra do Sapo deviam estar recebendo, no mínimo, recreação preventiva para as crianças, no período da obra, para que ficassem longe de riscos e com orientação para conviver com os transtornos que a obra causa.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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