Mesmo que já tenha sido a maior favela da América Latinha, a rainha Rocinha nunca perdeu a sua majestade. Dona da Pedra da Gávea, a favela localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro sempre foi ninho dos mais diversos talentos nas mais diferentes áreas da cultura. E celebrando este afloramento cultural da comunidade, o jornal Fala Roça promoveu o Viradão Cultural da Rocinha, que aconteceu nos dias 6 e 7 de julho.
“Tem que ter mais!”
O Viradão Cultural da Rocinha reuniu moradores e instituições de arte, cultura, educação, empreendedorismo e saúde na Biblioteca Parque da Rocinha. Lá, expôs as mais diferentes inspirações dos diferentes setores. Assistindo a apresentação do grupo Projeto Rocinha: Brincando de Capoeira, Valda Cardoso dos Santos, cozinheira, que respondeu à equipe do Voz das Comunidades dizendo que estava adorando o evento. “A gente precisava disso! De ver a nossa comunidade vendo e se vendo, né? A gente sai pra trabalhar, volta pra casa e acabamos não vendo o que temos aqui dentro da Rocinha. E esse evento fez isso! É só coisa boa pra comunidade!”. Ao lado Valda, Maria Arlete também acompanhava o evento e também gostou bastante. “Tem que ter mais coisas assim. As crianças amam e é bom ter isso aqui acontecendo”, comentou enquanto batia palmas no ritmo da capoeira.
A dançarina e empreendedora Ana Lúcia Silva, da Companhia Livre de Dança da Rocinha, também participava do evento de duas formas. Como dançarina e também à frente de uma barraca de caldos para levantar recursos para uma viagem do grupo. “Conheço a produção do Viradão há um bom tempo. E acho que são pessoas incríveis e que tem como objetivo potencializar o território e as iniciativas daqui da Rocinha, resultam num favorecimento amplo para toda a cultura da comunidade.”
Espaço amplo e aberto para todos, todas e todes
Jaqueline Catana, administradora da Biblioteca Parque da Rocinha, elogiou muito de como o evento soube explorar bem os espaços do prédio. “É maravilhoso ter esse evento. Lutamos pelo pertencimento do espaço e o Viradão Cultural da Rocinha é a concretização disso. É abrir as portas para comunidade e mostrar que isso aqui é nosso, que podemos usar. É o espaço celebrando e provendo a cultura.”
A Biblioteca Parque já oferece várias atividades, desde dança do ventre, digitação, jiu-jitsu, reforço escolar e até aula de francês. E neste final de semana, recebeu o Viradão Cultural. “E que venham outros Viradões!”, complementou Jaqueline.
“Foi um desafio! Mas tá acontecendo e tá lindo!”
Correndo pelos corredores, e se certificando de que estava tudo correndo bem, a equipe do Fala Roça se dividia na organização do Viradão Cultural. E, de fato, se permite a manifestação opinativa deste jornalista, o trabalho estava excelente. Pra manter tudo dentro dos conformes, Monique Silva, produtora cultural e gestora institucional de projetos do Fala Roça, falou sobre como foi contar com a equipe para a realização do evento. “Historicamente, a Rocinha é uma potencia cultural. Mas vimos que ela estava enfraquecida. E quando a pandemia veio, a situação ficou pior. Não só aqui, mas também em outras favelas”, comentou Monique.
Ela faz uma reflexão sobre como foi o processo de reorganização e renovação após o período da pandemia e como foi o resgate de celebrar a cultura dentro da favela. “A Rocinha está um pouco fragmentada, mas o Viradão veio para dar essa liga e reunir todo mundo aqui no mesmo espaço. E aqui, estamos tendo a oportunidade não só de mostrar, mas de conhecer outros projetos. E isso que reforça a rede. E a rede é muito importante para todos nós”, finalizou.