20 de junho completa mais um ano de espera de justiça, sem solução para a morte de Marcus Vinícius da Silva. Em 2018, o menino tinha 14 anos e estava indo para o CIEP Brisolão Operário Vicente Mariano, na Vila do Pinheiro, no Conjunto de Favelas da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro e nunca mais retornou.
Segundo o laudo pericial, o tiro, que atingiu suas costas, saiu pelo seu abdômen. Testemunhas disseram que o disparo partiu de um carro blindado da CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais), uma unidade de operações policiais especiais da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O adolescente era conhecido por sua dedicação nos estudos. Desde a morte do filho, a mãe Bruna da Silva usa a blusa da escola do filho manchada com sangue, como instrumento de justiça na luta contra a violência do Estado.
Procurada, a mãe do menino não respondeu ao contato do Voz das Comunidades.
As operações no Conjunto de Favelas da Maré tiveram maior frequência nas últimas semanas, pondo em risco moradores e moradoras da comunidades, principalmente as crianças do território. É o que relata a Tainá Alvarenga, Coordenadora do Eixo de Segurança Pública da Redes da Maré.”A morte de criança deveria causar um constrangimento nacional da falha da operação policial porque interrompe um sonho”, ressalta.
A polícia envolvida
Segundo a Assessoria de Comunicação da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro: “As investigações estão em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e são acompanhadas pelo Ministério Público (MP).” A nota da PC também diz que laudos periciais foram analisados e testemunhas foram ouvidas. Além disso, também conforme a nota “outras diligências seguem para apurar a autoria e esclarecer todos os fatos. A Polícia Civil destaca que cada investigação tem suas particularidades, com diferentes graus de complexidade de acordo com o caso concreto, e só é concluída mediante provas consistentes.”
O inquérito policial ainda não foi fechado desde 2018 e segue sob sigilo. A família ganhou a causa com direito a indenização, mas o Estado recorreu.
Na operação que matou Marcos Vinícius, a Policia Civil teve o apoio do Exército. Sete pessoas, ao todo, morreram. A polícia, na época, informou que foi ao local para cumprir 23 mandatos de prisão. Ninguém foi preso.