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Conheça DJ Tigo, jovem artista multifacetado que trilha seu caminho em busca de mais visibilidade para a cena LGBTQ+ nas favelas

9 de março é o Dia Mundial do DJ
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

Tem quem ame, tem que odeie, mas não tem quem não note que o trabalho do “Disk Jockey”, ou melhor DJ. No dia 9 de março celebramos o Dia do DJ e não poderíamos deixar de celebrar essa data sem contextualizar culturalmente o trabalho dessa figura que garante que as festas não sejam quaisquer, e sim A FESTA. 

Há um consenso sobre quais são os elementos que desenham um artista bom e relevante? Preto, de favela, não binário e talentoso. Sim, esses, inclusive, são os elementos que constroem o multifacetado DJ TIGO, também conhecido como Tiago Bastos. Ele, desde 2016, vem construindo uma carreira muito bonita e com foco no protagonismo de corpos pretos e diversos dentro dos espaços. Isso não só dentro dos fervos que acontecem nas zonas periféricas, mas fora delas também. 

Pensando nessa narrativa que se constrói, conversamos com o TIGO para entender como tem sido a trajetória dele até aqui e quais são os desafios de atuar em uma profissão tão alegre, mas que há cada novo ano se apresenta de uma nova forma, principalmente por ser totalmente ligada à tecnologia. 

A figura do TIGO, que é uma persona não-binária, ou seja, que se sente contemplada com pronomes femininos, masculinos ou neutros, se formou enquanto DJ no coletivo Urban Work the Responsa que é uma plataforma cultural e social na zona norte do Rio e que promove diversidade e inclusão na cena musical e artística. 

“A partir desse primeiro momento, em que pude estar dentro de diversos espaços, principalmente LGBTQ+, foi que percebi que eu estava me construindo enquanto artista. Pude ver que há muita coisa acontecendo e que ninguém tá falando. A cena ballroom, por exemplo, tem sido um lugar muito bonita de se realizar junto com uma galera. Há muito talento nesses lugares, e não há nada melhor do que ver o sentimento de pertencimento acontecendo ali na sua frente. É mágico poder lutar e proporcionar atmosferas através do meu som”, conta TIGO.

Há um glamour por trás da profissão, mas assim como em outras há também uma grande demanda para que o esforço seja provado a cada novo dia ou momento, em um cenário onde a desigualdade material ainda é muito grande. Jovens artistas seguem sendo provocados a serem criativos em busca do sucesso, mesmo com pouca oportunidade de trabalho. 

“Sinto que ainda há um elitismo muito grande nessa profissão. Principalmente por eu representar o que represento. Sinto falta também de ser convidado para tocar em festas ou lugar que vão me dar uma projeção naquilo que amo fazer. Mas ainda é muito comum convidarem ou contratarem amigos. O famoso QI “quem indica”. desabafa.

TIGO foi um dos artistas do CarnaVoz, evento cultural de carnaval que acontece em fevereiro e reúne muita gente
Foto: Josiane Santana / Voz das Comunidades

A cena ballroom tem crescido nos últimos anos e temos visto novas narrativas de gêneros e sexualidade sendo discutidas. O trabalho do TIGO bebe em referências como Beyoncé, onde o protagonismo do corpo preto está na linha de frente das prioridades, para fins de visibilidade.

“Eu tenho visto o meu trabalho como um lugar de construção para que o outro se sinta livre e feliz. Eu me sinto muito feliz em ver as pessoas dançando e sorrindo, sem se importarem com o que vão pensar delas. Sinto que quando toco na 4:24, por exemplo, a música de fato acontece. Há uma energia muito linda e também um sentimento de estar bem perto das referências que são minhas. Eu já quis ter essa música e aquela pista de dança para ser livre.” contou.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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