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Dia da Visibilidade Trans: A quem cabe sonhar novos futuros?

Foto: Adriano Mendes
Foto: Adriano Mendes

O dia da Visibilidade Trans é mais do que uma celebração, é um grito de resistência contra a invisibilidade dos nossos corpos, da nossa vida, do nosso direito de existir e de sonhar. Celebro esse dia como um lembrete contundente de que a sociedade não pode negar que eu existo, que nós existimos, merecemos e temos direitos fundamentais.

Contudo, assim, como para muitas minorias, esses direitos são frequentemente negados.

Incluindo o direito ao sonho, que é um privilégio negado a muitos grupos minorizados e, a comunidade trans não fica de fora. Desde o momento da nossa percepção enquanto pessoas trans, nos desumanizam e automaticamente nos tiram a capacidade de sonhar e imaginar futuros melhores. Nos tiram o direito à liberdade e à cidadania.

É assim em todas as áreas da nossa vida. Começa pela família, lugar onde deveríamos ter o nosso maior apoio, que seria a nossa base para enfrentar os problemas do lado de “fora” e que acaba se tornando o lugar onde a maioria de nós sofremos violência de todos os tipos: psicológica, verbal e física. No trabalho, nos é negado o direito ao nome, ao banheiro correspondente ao nosso gênero, embora muitas das vezes nós tenhamos que negar nossas identidades para conseguirmos emprego.

Então, como teríamos tempo para sonhar? E a quem cabe sonhar esses novos futuros?

Nesse momento precisamos entender a importância de políticas inclusivas, acesso à educação, à saúde, à moradia, ao trabalho. Tudo isso se faz necessário para termos o direito de sonhar e, assim, criar futuros concretos. Não nos sobra tempo para imaginar outras possibilidades de viver, sem ser à margem.

E o dia da Visibilidade Trans é o momento que podemos afirmar nossa identidade, ecoar nossa voz, lutar por reconhecimento, igualdade e pelo direito de sonhar. Honrando sempre os que vieram antes de nós para que também pudéssemos estar aqui criando narrativas de possibilidades que transcendem as barreiras impostas. Lembra-los que estamos construindo um novo mundo onde a realidade não existe sem nós.

Nossa maior militância é estarmos vivos.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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