O dia da Visibilidade Trans é mais do que uma celebração, é um grito de resistência contra a invisibilidade dos nossos corpos, da nossa vida, do nosso direito de existir e de sonhar. Celebro esse dia como um lembrete contundente de que a sociedade não pode negar que eu existo, que nós existimos, merecemos e temos direitos fundamentais.
Contudo, assim, como para muitas minorias, esses direitos são frequentemente negados.
Incluindo o direito ao sonho, que é um privilégio negado a muitos grupos minorizados e, a comunidade trans não fica de fora. Desde o momento da nossa percepção enquanto pessoas trans, nos desumanizam e automaticamente nos tiram a capacidade de sonhar e imaginar futuros melhores. Nos tiram o direito à liberdade e à cidadania.
É assim em todas as áreas da nossa vida. Começa pela família, lugar onde deveríamos ter o nosso maior apoio, que seria a nossa base para enfrentar os problemas do lado de “fora” e que acaba se tornando o lugar onde a maioria de nós sofremos violência de todos os tipos: psicológica, verbal e física. No trabalho, nos é negado o direito ao nome, ao banheiro correspondente ao nosso gênero, embora muitas das vezes nós tenhamos que negar nossas identidades para conseguirmos emprego.
Então, como teríamos tempo para sonhar? E a quem cabe sonhar esses novos futuros?
Nesse momento precisamos entender a importância de políticas inclusivas, acesso à educação, à saúde, à moradia, ao trabalho. Tudo isso se faz necessário para termos o direito de sonhar e, assim, criar futuros concretos. Não nos sobra tempo para imaginar outras possibilidades de viver, sem ser à margem.
E o dia da Visibilidade Trans é o momento que podemos afirmar nossa identidade, ecoar nossa voz, lutar por reconhecimento, igualdade e pelo direito de sonhar. Honrando sempre os que vieram antes de nós para que também pudéssemos estar aqui criando narrativas de possibilidades que transcendem as barreiras impostas. Lembra-los que estamos construindo um novo mundo onde a realidade não existe sem nós.
Nossa maior militância é estarmos vivos.
Stefan Costa
É um jovem negro e trans, de 28 anos, graduado em direito e criador de conteúdo digital. Produz conteúdo através da sua perspectiva como homem negro e trans na sociedade de hoje, com vídeos recheados de críticas sociais e conscientização. Stefan é embaixador do @ceres.trans, projeto fotográfico criado para enaltecer a beleza trans negra e do IYD Brasil o maior movimento pelo Dia Internacional da Juventude no Mundo. Além de fazer parte do Fundo Vozes Negras do YouTube e é Colunista do Vozes em pauta no Voz das Comunidades