No dia 25 de julho, comemora-se o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha. A data foi definida em 1992, em um encontro de mulheres negras dessas regiões, na República Dominicana. O dia representa a luta dessas mulheres contra o preconceito de raça e gênero. Aqui no Brasil, trata-se também de uma homenagem à líder do Quilombo do Quariterê, em Mato Grosso: Tereza de Benguela, a Rainha Tereza.
No Vidigal, a moradora Nete Aleluia, de 64 anos, se orgulha de ser descendente de reis e rainhas africanos. Membro do coletivo de mulheres Favela no Feminino, Nete foi a primeira passista do Acadêmicos do Vidigal e hoje é componente da ala das baianas. Ela não fala de seus antepassados como escravizados, mas como descendentes de uma dinastia africana.
Dinastia essa que se multiplicou no Vidigal. Os pais de Nete chegaram no morro na década de 1940 e aqui tiveram quatorze filhos. A família Aleluia está na quarta geração de vidigalenses. Seu pai veio de Minas Gerais, mas seu avô veio de África.
Mulher de axé, essa filha de Oxum reclama da falta de respeito dos novos moradores do Vidigal aos que aqui chegaram primeiro. “É uma prática de terreiro. Minha neta de 9 anos é ekédi de Iansã. Mesmo assim ela me respeita no barracão e aqui fora. Eu sou mais velha. Hierarquia é posto. Tem gente que chegou aqui outro dia e te trata de qualquer jeito, sem saber a importância de ser cria de um lugar. Vidigal é minha raiz.”
Sobre os seus objetivos de vida, Nete destaca. “Sonho em fazer uma feira de empreendedorismo, empoderando as mulheres do Vidigal. Sonho também em ter uma marca de roupas africanas. Agulha não é minha praia, eu criaria o designer, o estilo e empregaria outras mulheres. É a mulher negra que segura a favela. Somos resistência, ancestralidade”.