A companhia Contra Bando de teatro está completando dez anos e para comemorar, o grupo acabou de estrear a peça “Pipas” nesta quinta-feira (07) no Teatro 2 do Sesc Tijuca. O espetáculo retrata a relação de Cláudia, uma mulher periférica que narra a sua vivência no Complexo do Alemão.
O monólogo é escrito e interpretado pela atriz Nilda Andrade. Ela conta que em 2014 ao observar as crianças do CPX soltarem pipa teve a inspiração para escrever o texto, porém, fez apenas em 2020 durante a pandemia. “Eu comecei a ver as crianças soltando pipa e pensei no cordão umbilical, como se a mãe segurasse a criança e ela voasse”. Com sensibilidade, ela faz uma homenagem às mães que perderam os filhos para a violência urbana.
Além da violência urbana, Claudia, vai contando com humor que esconde a dor, outras histórias que constroem a narrativa, a relação com a família, gravidez na adolescência, aborto, abuso sexual, e abandono do pai são alguns temas amarrados na linha de Pipa durante uma hora de apresentação.
Nilda acrescenta que o espetáculo é um protesto e um pedido de justiça, mas que a peça também mostra o outro lado da favela, que cria novos significados e é potência. “A gente precisa se empoderar enquanto pessoa favelada.” E não há quem não se emocione.
A estreia teve principalmente amigos e parentes da atriz. “A gente sempre se emociona quando ela faz as peças, são histórias reais, tem algumas partes da peça que é a realidade” conta Nadijane Campos, prima de Nilda que estava chorando na apresentação. “É porque eu sou mãe, aí a gente sente também”, completa.
PIPAS é dirigido por Rohan Baruck e faz temporada de 06 a 30 de julho, de quinta a sábado, às 19h; e domingo, às 18h, no SESC TIJUCA – TEATRO II. A classificação indicativa é 14 anos e os ingressos custam R$ 7,50 para associados do Sesc, R$ 15 meia-entrada, e R$ 30 inteira, e gratuito para quem faz parte do Programa de Comprometimento e Gratuidade. O Sesc Tijuca fica no endereço: Rua Barão de Mesquita, 539, Rio de Janeiro – RJ.