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Prefeitura do Rio realiza primeiro exercício simulado de desocupação de 2023 no Cantagalo, Zona Sul do Rio

Morador pontua que o protocolo de comunicar à comunidade sobre risco de deslizamento deveria ser feito com mais antecedência
(Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

O primeiro exercício simulado de 2023 voltado para a desocupação de áreas com alto risco de deslizamentos foi realizado nesta quarta-feira (12). O treinamento aconteceu na favela do Cantagalo, na qual a sirene também atende o Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul da cidade. No mesmo momento, os Morros da Babilônia e do Chapéu Mangueira, também localizados na Zona Sul, fizeram o teste. A ação, segundo a Defesa Civil Municipal do Río de Janeiro, visa reforçar o protocolo de desocupação das áreas de risco quando sirenes forem acionadas a partir do Centro de Operações Rio (COR), em casos de fortes temporais. 

“Esse é um evento estratégico para a Prefeitura e para a comunidade. Queremos informar para a população sobre a importância do acionamento da sirene e também do procedimento que as pessoas têm de fazer caso a sirene venha a tocar. O recado que queremos passar é o de manter a credibilidade sobre o acionamento. Esse é um sistema preventivo, então, na maioria da vezes em que a sirene é acionada, não vamos ter ocorrência. Mas, como pode ocorrer algo, precisamos que a população siga os passos para chegar ao ponto de apoio. Para que, caso ocorra algum incidente, não tenhamos a perda de vidas”, afirmou o subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle, representando o prefeito Eduardo Paes.

No entanto, moradores têm críticas à forma que a situação em risco de deslizamento é conduzida atualmente. Adailton Carvalho, de 55 anos, é uma dessas pessoas. Mais conhecido como Mestre Dá do Projeto Social Patota do Galo, no PPG, em que ensina as crianças a tocarem percussão, ele pontua sobre como era feito antes.

“Antigamente tinha um aviso que comunicava nos dias anteriores. Hoje em dia a comunicação tá muito em cima do laço. Então nós nos sentimos bem inseguros. Como é que a gente  vai correr pra socorrer todo mundo? Queremos mais um preparatório, um aviso antes”, explicou.

Adaílton, de camisa amarela, foi um dos moradores que pediu mais exercícios das sirenes nas comunidades
(Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

Sempre que os protocolos de acionamento são alcançados (entre 40 e 55 milímetros de chuva em 1 hora), as sirenes são acionadas, e a população deve se dirigir a pontos de apoio previamente mapeados. Vale lembrar que Defesa Civil não realiza simulação em meses com grande risco de eventos chuvosos, como janeiro, fevereiro e março. 

Cerca de 50 agentes da Defesa Civil estiveram nas comunidades, além de outros 40 profissionais de 20 órgãos integrantes do comitê da Prefeitura do Rio focado em redução de desastres (3RD). Durante o exercício simulado, equipes acionaram as sirenes e os alertas por SMS para informar moradores sobre os riscos, direcionando a população para os pontos de apoio instalados em áreas seguras da comunidade (ou de seu entorno) para receber as orientações das equipes municipais e, consequentemente, preservas vidas.

Evento reuniu moradores, lideranças comunitárias, agentes das áreas da saúde, educação e assistência social para o exercício.
(Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

Além de moradores locais, participaram do exercício lideranças comunitárias, agentes de saúde, profissionais de educação, grupos de convivências dos Centros de Referência de Assistência Social, entre outros. A ideia é multiplicar os conhecimentos adquiridos no exercício em seus ambientes profissionais, familiares, comunidades e grupos sociais. 

Os exercícios simulados são realizados para que a população de áreas de risco saiba como agir em ocorrências relacionadas às fortes chuvas. Desde 2011, foram realizados 52 simulados em toda a cidade, 35 deles nos últimos dois anos. O Rio conta com 162 sirenes em 103 comunidades. Ao todo, são quase 200 pontos de apoio cadastrados. Em 2021, as sirenes foram acionadas em 12 ocasiões e, em 2022, num total de oito vezes por conta das fortes chuvas. Ao todo, foram 72 acionamentos desde 2011. O acionamento dos equipamentos ocorre de forma remota a partir do COR.

O que é o  “3RD”

O 3RD – Rio pela redução de riscos de desastres reúne diretamente 20 órgãos da Prefeitura do Rio que somam recursos, planos, políticas públicas de Assistência Social, Saúde, Defesa Civil, Educação, entre outros para a promoção de ações de prevenção e resposta à crise, aprimorando os protocolos e contribuindo para a resiliência do município do Rio de Janeiro.

Entre as principais ações estão o incentivo à estratégia de sirenes móveis, com testagem em todos os simulados da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil da Cidade do Rio de Janeiro, revisão de 60 pontos de apoio disponibilizados pela Secretaria Municipal de Educação e realização de exercícios de evacuação nas 14 áreas prioritárias.

Também foram vistoriados 33 equipamentos públicos da Prefeitura, como Vilas Olímpicas e espaços culturais, para que funcionem, em caráter provisório e emergencial, como alojamentos em situações de emergência. Durante essa ação, as equipes multiplicaram conhecimentos sobre a cultura de prevenção para profissionais que atuam nesses espaços, tornando a cidade mais resiliente. Foram escolhidos locais que já se tornaram referência para a população das comunidades próximas, com objetivo de sempre respeitar e estreitar os laços comunitários nas ações sociais.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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