Os moradores dos prédios no Morro do Adeus, no Complexo do Alemão reclamam da situação de abandono que se encontra o local. Os prédios foram entregues em 2010 e até hoje não passaram por nenhuma reforma, são 32 apartamentos que fazem parte do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC) do Complexo do Alemão.
Infiltrações e rachaduras nas paredes em toda a estrutura dos prédios tem assustado os moradores. A caixa d’água do condomínio é outro problema que tem preocupado os locais. O presidente da associação de moradores do Morro do Adeus, Luiz Henrique, acreditava que os moradores não pagavam água e isso dificultava o atendimento. Mas a dona de casa Vera Lúcia, de 56 anos, mostra as contas de água e diz que já entrou em contato com a Águas do Rio relatando o problema, que persiste desde 13 de março e ainda não teve solução. “Vieram aqui, fizeram umas fotos e foram embora”, conta.
Os moradores também falam do parquinho próximo do local que também está sem manutenção. Os brinquedos estão enferrujados e o matagal está tomando conta da área que deveria ser de lazer das crianças. O campo de futebol não tem gramado e está constantemente cheio de lama.
Condomínio precisa de representante e união
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
No dia 4 de abril os moradores se reuniram para debater os problemas do condomínio, na tentativa de entrar em um acordo sobre ter um sindico para poder representá-los e intermediar na relação junto com a associação e os serviços públicos.
“Se cada um aí pagar 20 reais por mês, uma caixinha para um sindico, poderia fazer (as reformas do prédio)” afirma Luiz, presidente da associação de moradores. Por falta de um representante, a conservação fica por conta de cada um dos moradores, que fazem o que conseguem. Mas a maioria dos moradores são idosas.
A dona Maria das Graças, de 73 anos, conta que ela mesma capina os arredores da sua casa, indignada com a desunião dos moradores, relata que teve problemas com esgoto entupido e que precisou pagar para limpar. Segundo a moradora, o esgoto do prédio passa por um único canal que fica em frente a sua casa. Dona Vera Lúcia também contou que já limpou o esgoto sozinha. Seu Paulo Caetano, que é vendedor de vassouras e também mora no local, já fez algumas manutenções por conta própria. Mas a responsabilidade não pode ficar só para os moradores.
“Se eles limparem ao lado onde tem a pracinha já ajuda bastante” conta Dona Vera. “Aqui dentro é dos moradores, que não se unem pra limpar. Eles acham que só quem mora no primeiro andar que tem que limpar”, reclama.
A moradora Tatiane Martins, 38 anos, questionou sobre a possibilidade de colocar uma contenção no local e reclamou. “Não adianta esperar acontecer o pior para a Águas do Rio vir ver (o problema)”.
Respostas dos serviços públicos
Entramos em contato com a Empresa de Obras Públicas do Rio de Janeiro (Emop) questionando sobre as obras de manutenção no prédio. A resposta veio por meio da Secretaria de Estado de Habitação do Rio de Janeiro (Sehab-RJ) que informou que se há risco estrutural, os moradores precisam acionar a Defesa Civil para que seja feita uma vistoria no local pelo 1746 e 199. A associação também pode solicitar oficialmente que a Emop faça uma avaliação dos edifícios.
Sobre a limpeza do matagal, falamos com a Comlurb que informou que a área ao redor do condomínio é de responsabilidade do Estado do Rio de Janeiro, mas que fazem a limpeza para colaborar com a comunidade e que com a demanda enviada pela nossa equipe, vão marcar para fazer a roçada e vistoriar os brinquedos, mas até o fechamento dessa reportagem não definiram a data.
A Águas do Rio, concessionária responsável pelo abastecimento da região, informou que enviariam uma equipe ao local até o dia 10. De fato, um funcionário esteve no local mas assim como aconteceu quando Dona Vera entrou em contato, ele apenas fotografou a estrutura e o problema continua sem solução.
Tentamos contato com a Fundação Casa e Jardim (FCeJ) que é responsável pela manutenção de praças e parques do município, mas não tivemos retorno.
Enquanto nada é feito, dona Vera desabafa. “Deixa assim mesmo, deixa o mato grande, a caixa furar… Quando cair eles, vão ver”. Mas mantém a esperança que as obras vão acontecer pela promessa de retorno dos teleféricos. “Os teleféricos vão voltar a funcionar e eles não vão querer os prédios feios”, conclui.