Dia Nacional da Visibilidade Trans: É preciso notar que existimos para poder nos humanizar

Foto: Observatório do terceiro setor
Foto: Observatório do terceiro setor

O Dia Nacional da Visibilidade Trans é celebrado no dia 29 de janeiro. Ele foi instituído em 2004, quando um grupo de travestis e pessoas transgêneros promoveram um ato no congresso nacional em busca dos seus direitos com a campanha “Travesti e respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos”. Desde então ficou marcado como o dia da luta por reconhecimento de transexuais e travestis no Brasil.

Em 2018, uma pergunta que fazia aos que estavam ao meu redor era: “Consegue citar 3 pessoas trans negras e brancas que você conhece e está na mídia?” As respostas eram semelhantes. Era citado o nome de 1 pessoa negra, com uma enorme dificuldade, e mais de 3 pessoas brancas. E o mais irônico é que, dentre esses, quase não se ouvia o nome de homens trans. O que me fazia questionar: onde estão os homens trans e as pessoas não binárias? Não existimos?

Carecemos de fazer ouvir as vozes trans negras. É evidente que isso reflete sobre a sociedade racista em que vivemos. No entanto, ignorar que existimos é apagar toda história de luta e conquista dos que vieram antes e dos que estão aqui agora fazendo o movimento acontecer. Ignorar essas pessoas é também anular a existência e as especificidades dos que estão em desvantagem social.  Embora, nossas conquistas tenham avançado de certa forma, há uma fala da presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a querida Keila Simpson, que diz muito sobre o momento atual que vivemos: “Comemore se for pra comemorar, proteste se for pra protestar, celebre se for pra celebrar. O importante é visibilizar. E não é visibilizar de uma forma sempre festiva. É visibilizar reagindo, na resistência, para mostrar que é uma data que mostra a nossa resistência” (“”Visibilidade trans não é só festiva, é | Direitos Humanos”).

A escassez de políticas públicas voltadas para homens trans que moram nas comunidades e periferias do País, em condições de vulnerabilidade e invisibilidade social, é uma realidade. Muitos não têm acesso à educação, trabalho, saúde, segurança pública, assistência social, serviços que são direitos de qualquer ser humano. Mas como vamos lutar por espaço social, que nos é de direito, se nossas vozes não são ouvidas? É urgente que se mude essa realidade.

É preciso fazer ecoar as vozes negras trans dentro da comunidade e fora dela, principalmente de homens trans e não binaries.

Stefan Costa
É um jovem negro e trans, de 27 anos, graduado em direito e criador de conteúdo digital. Produz conteúdo através da sua perspectiva como homem negro e trans na sociedade de hoje, com vídeos recheados de críticas sociais e conscientização. Stefan é embaixador do @ceres.trans, projeto fotográfico criado para enaltecer a beleza trans negra e do IYD Brasil o maior movimento pelo Dia Internacional da Juventude no Mundo. Além de fazer parte do Fundo Vozes Negras do YouTube e é Colunista do Vozes em pauta no Voz das Comunidades

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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