Texto: Layane Coelho<\/em><\/p>\n

Lavar. Passar. Cozinhar. Tirar poeira. Acompanhar a madame no supermercado. Recolher o lixo. Cuidar da(s) crian\u00e7a(s). Enfim. <\/span>As empregadas dom\u00e9sticas desempenham dezenas de atividades e, vez ou outra, s\u00e3o consideradas como se fossem \u201cda fam\u00edlia\u201d<\/b>, recebendo elogios dos patr\u00f5es, principalmente quando fazem mais do que o combinado. <\/span><\/p>\n

O discurso que romantiza o trabalho de dom\u00e9stica deveria causar no m\u00ednimo espanto \u00e0s \u00a0pessoas. Ora, por que elas n\u00e3o possuem os mesmos privil\u00e9gios j\u00e1 que s\u00e3o \u201cda fam\u00edlia\u201d? Ou ser\u00e1 que acordar todos os dias antes do galo cantar e deixar os filhos sozinhos para trabalhar pode ser considerado um privil\u00e9gio?<\/span><\/p>\n

Se ela \u00e9 da fam\u00edlia, tamb\u00e9m tem direito ao plano de sa\u00fade? O acesso \u00e0 moradia, educa\u00e7\u00e3o e lazer de qualidades s\u00e3o garantidos? Esse discurso est\u00e1 t\u00e3o enraizado que passa despercebido e a empregada \u00e9 considerada uma pessoa muito querida. <\/span>Resta saber se existe realmente afeto ou se \u00e9 apenas uma maneira para disfar\u00e7ar o poder que os patr\u00f5es t\u00eam sobre elas.<\/b><\/p>\n

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Segundo as informa\u00e7\u00f5es da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Trabalho (OIT)Em 2016, o Brasil tinha cerca de 6,1 milh\u00f5es de trabalhadores dom\u00e9sticos, sendo 92% mulheres, . <\/span>Uma mat\u00e9ria publicada na \u00a0BBC News <\/span><\/a>mostra que negros e mulheres com baixa escolaridade representam o perfil dos empregados dom\u00e9sticos no pa\u00eds. <\/span><\/p>\n

Vale ressaltar que a profiss\u00e3o \u00e9 regulamentada. Mas, por falta de melhores oportunidades, muitas pessoas desempenham suas fun\u00e7\u00f5es em ambientes vulner\u00e1veis, sem nenhum direito. De acordo com os dados de 2016 divulgados pela OIT, <\/span>s\u00f3 42% dessas(es) trabalhadoras(es) contribuem para a previd\u00eancia social e apenas 32% possuem carteira de trabalho assinada.<\/span><\/p>\n

In\u00fameras mulheres abrem m\u00e3o da pr\u00f3pria fam\u00edlia para morarem com os patr\u00f5es. Sem contar as que n\u00e3o acompanham o crescimento dos filhos porque precisam cuidar dos filhos da patroa. Isso \u00e9 reflexo de uma sociedade racista e desigual, que n\u00e3o possibilita a elas os mesmos privil\u00e9gios. Enquanto uma possui qualidade de vida e acesso \u00e0 informa\u00e7\u00e3o, a outra acata todas as ordens, sem questionar, por medo de perder o emprego. <\/span><\/p>\n

\u00a0Ela \u00e9 como se fosse da fam\u00edlia, mas n\u00e3o \u00e9. N\u00e3o \u00e9 porque \u00e9 negra, pobre, tem baixa escolaridade e n\u00e3o possui regalias como voc\u00ea, patr\u00e3o. <\/b><\/p>\n","editor":"Layane Moises Coelho","categoryTitle":"Geral"}