Atlas da Viol\u00eancia 2018<\/a>, produzido pelo Ipea e pelo F\u00f3rum Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica (FBSP), divulgou um relat\u00f3rio sobre as taxas de homic\u00eddio no pa\u00eds, e os n\u00fameros s\u00e3o assustadores. Segundo os dados, mais de meio milh\u00e3o de pessoas foram assassinadas nos \u00faltimos dez anos, sendo os negros as principais v\u00edtimas dessa barb\u00e1rie.<\/p>\nDe acordo com a Declara\u00e7\u00e3o Universal dos Direitos Humanos, todo indiv\u00edduo tem direito \u00e0 vida; mas, no Brasil, a dignidade humana \u00e9 garantida apenas para uma parcela da popula\u00e7\u00e3o. A vida aqui tem valor e, se voc\u00ea \u00e9 negro e\/ou pobre, a chance de ser morto pelo Estado ou de forma violenta por qualquer cidad\u00e3o \u00e9 muito grande.<\/p>\n
Entre 2006 e 2016, a taxa de homic\u00eddios de indiv\u00edduos n\u00e3o negros diminuiu 6,8%, enquanto a da popula\u00e7\u00e3o negra aumentou 23,1%, verificou o Atlas. Por meio desses n\u00fameros, podemos observar o reflexo do racismo que, infelizmente, est\u00e1 presente no pa\u00eds e interrompe da forma mais brutal a vida de um ser humano.<\/p>\n
A partir do momento em que um indiv\u00edduo \u00e9 assassinado, est\u00e1 sendo retirado dele o direito \u00e0 vida, o direito de conviver com o pr\u00f3ximo e de frequentar os espa\u00e7os sociais que auxiliam na forma\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica, pol\u00edtica, educacional de todo cidad\u00e3o. Toda a sociedade \u00e9 atingida de certa forma, assim como a fam\u00edlia e amigos.<\/p>\n
Muitas pessoas tentam justificar a morte de algu\u00e9m e sempre tem aquele que defende o discurso de \u201cbandido bom \u00e9 bandido morto\u201d, mas o \u201colho por olho, dente por dente\u201d serve para dizimar a popula\u00e7\u00e3o preta e pobre. Por tr\u00e1s desses discursos existe intoler\u00e2ncia, preconceito e falta de amor ao pr\u00f3ximo.<\/p>\n
A \u00faltima divulga\u00e7\u00e3o do Levantamento Nacional de Informa\u00e7\u00f5es Penitenci\u00e1rias (Infopen) constatou que cerca de 726.000 pessoas representam a popula\u00e7\u00e3o prisional no pa\u00eds. Do total, 64% s\u00e3o negros e 75% n\u00e3o iniciaram o ensino m\u00e9dio.<\/p>\n
A viol\u00eancia nunca foi e nunca ser\u00e1 uma ferramenta de melhoria social. Para iniciar uma transforma\u00e7\u00e3o no Brasil \u00e9 preciso, em primeiro lugar, promover um discurso de respeito \u00e0 diferen\u00e7a, seja ela qual for, e investir na educa\u00e7\u00e3o. Desta forma as oportunidades e a preserva\u00e7\u00e3o da vida ser\u00e3o para todos, independente de cor, ra\u00e7a, condi\u00e7\u00f5es financeiras, idade e sexo.<\/p>\n","editor":"Layane Moises Coelho","categoryTitle":"Geral"}