No Rio de Janeiro, os or\u00e7amentos da Pol\u00edcia Militar, da Pol\u00edcia Civil e da Secretaria Estadual de Seguran\u00e7a, entre 2007 a junho de 2016 durante a gest\u00e3o de Beltrame (ex-Secret\u00e1rio de Seguran\u00e7a do RJ), foram de quase R$35 bilh\u00f5es, ultrapassando a Educa\u00e7\u00e3o (R$ 32 bilh\u00f5es) e a Sa\u00fade P\u00fablica (R$ 30 bilh\u00f5es). Em 2008, as UPP’s (Unidade de Pol\u00edcia Pacificadora) foram criadas (inspiradas em um policiamento comunit\u00e1rio implementado em Medell\u00edn, na Col\u00f4mbia com o envolvimento do governo federal com todos os Poderes), instaladas com parte desses investimentos e declamadas em tom comunit\u00e1rio como uma forma\/tentativa de levar a paz nas favelas, mas serviu apenas para um marketing focado na reelei\u00e7\u00e3o de S\u00e9rgio Cabral e a elei\u00e7\u00e3o do sucessor\/atual governador Pez\u00e3o. Devido a falta de planejamento e estrutura do projeto, a UPP n\u00e3o focava no real sentido que foi criada e n\u00e3o teve o planejamento correto em cada instala\u00e7\u00e3o, desconsiderando que as din\u00e2micas s\u00e3o diferentes em cada \u00e1rea (uma baita “ousadia”), e levando a sua fal\u00eancia j\u00e1 declarada publicamente. A aus\u00eancia que virou uma presen\u00e7a desastrosa do Estado e um gasto elevado do dinheiro p\u00fablico em opera\u00e7\u00f5es fatais.<\/p>\n
Apesar do atual Secret\u00e1rio de Seguran\u00e7a, Roberto S\u00e1, afirmar que o “Estado n\u00e3o perdeu o controle”, o cen\u00e1rio \u00e9 outro. Junto com a m\u00e1 gest\u00e3o, a falta de pagamento, condi\u00e7\u00f5es de trabalho e treinamento inadequado, a pol\u00edcia \u00e9 mandada para as favelas em opera\u00e7\u00f5es policiais para fazer atos militarizados e n\u00e3o comunit\u00e1rios, levando a v\u00e1rias chacinas, abusos de poder, moradores baleados ou mortos (sejam crian\u00e7as, adolescentes, adultos, idosos ou at\u00e9 mesmo beb\u00ea), a eleva\u00e7\u00e3o da desigualdade social, o preconceito, a exclus\u00e3o socioecon\u00f4mica, o desemprego, a educa\u00e7\u00e3o paralisada, etc. A favela virou um campo de guerra onde o mais importante \u00e9 o saldo (que acaba se tornando um ciclo vicioso de propina, expans\u00e3o e revenda de armas, muni\u00e7\u00f5es e drogas), n\u00e3o as perdas por algo que se instala cada vez mais atrav\u00e9s dessas vindas. Isso acaba se expandindo para a cidade, elevando ainda mais o caos e a taxa de delitos. E o culpado? Quem \u00e9?<\/p>\n
A culpa est\u00e1 em quem coordena tudo isso. Est\u00e1 em quem assina um simples papel para mandar policiais despreparados e desaparados psicologicamente e economicamente para morrer e matar pessoas inocentes, permitindo que a viol\u00eancia entre nessas \u00e1reas. Como se isso fosse a solu\u00e7\u00e3o de um problema onde atacam apenas os galhos enquanto a raiz est\u00e1 sendo esquecida. Est\u00e1 em que fica em um SPA enquanto pessoas s\u00e3o mortas por “balas perdidas”. Est\u00e1 em quem diz que, se soubesse que \u201cessas trag\u00e9dias se sucederiam com essa crueldade e frequ\u00eancia, estaria em casa\u201d. Est\u00e1 em que se lamenta muito e faz pouco. O po\u00e7o \u00e9 mais fundo do que pensam.<\/p>\n
Apesar de n\u00e3o termos uma solu\u00e7\u00e3o imediata que acabe com tudo isso, precisamos de a\u00e7\u00f5es imediatas, n\u00e3o “experimentos”. Uma nova pol\u00edtica de seguran\u00e7a onde seja poss\u00edvel reavaliar o que est\u00e1 sendo ensinado e colocado dentro da institui\u00e7\u00e3o, melhores condi\u00e7\u00f5es de trabalho, policiais mais aperfei\u00e7oados e treinados para lidar com situa\u00e7\u00f5es sem colocar em risco a vida das pessoas inocentes no espa\u00e7o onde est\u00e1. Restabelecer um elo entre a favela e o Estado em forma de servi\u00e7os p\u00fablicos e pol\u00edticas sociais (projetos e a\u00e7\u00f5es comunit\u00e1rias ligadas a Educa\u00e7\u00e3o, Cultura, Empreendorismo, Arte, Esporte, etc.) \u00e9 extremamente importante para dar oportunidades e pontes para um futuro melhor para os moradores e, consequentemente, diminuir a taxa de criminalidade em todo o estado. Maior participa\u00e7\u00e3o da sociedade em debates, f\u00f3runs, encontros e oficinas sobre a seguran\u00e7a p\u00fablica e tantas outras \u00e1reas importantes de estar atentos tamb\u00e9m. Uma reforma na gest\u00e3o atual tamb\u00e9m pode ajudar mas n\u00e3o solucionar o problema em si. Enquanto isso…Paz? At\u00e9 l\u00e1, \u00e9 s\u00f3 uma palavra ut\u00f3pica. N\u00e3o existe paz ou pacifica\u00e7\u00e3o enquanto v\u00edtimas s\u00e3o atingidas e\/ou morrem por causa dela e ainda existe gente ganhando com isso fora das favelas. A paz est\u00e1 dentro de n\u00f3s. S\u00f3 precisamos acordar e colocar para fora. Se conscientizar. Paz sem voz n\u00e3o \u00e9 paz, \u00e9 medo.<\/p>\n
<\/p>\n","editor":"Kananda Ferreira","categoryTitle":"Casos de Pol\u00edcia"}