N\u00e3o \u00e9 a primeira vez que os moradores do Alem\u00e3o olham para cima e se deparam com o telef\u00e9rico parado. No \u00faltimo dia 15 de setembro, o servi\u00e7o foi interrompido para manuten\u00e7\u00e3o. Manuten\u00e7\u00f5es sempre foram feitas, mas nunca houve uma que precisasse de seis meses para terminar. No dia seguinte a esse fato, a Secretaria de Transporte do Rio de Janeiro explicou o ocorrido: por conta de um \u201cdesgaste repentino de um dos cabos\u201d, o telef\u00e9rico vai ser paralisado at\u00e9 mar\u00e7o de 2017. Isso acontecer\u00e1 porque a pe\u00e7a que ser\u00e1 trocada \u00e9 produzida no exterior, sob medida, e leva tempo para chegar at\u00e9 o Brasil. Seis meses: um semestre, metade de um ano, cerca de 180 dias com um dos principais transportes do Complexo do Alem\u00e3o parado.<\/p>\n
A Comunidade, que j\u00e1 sofria com as constantes interrup\u00e7\u00f5es por conta de tiroteios, j\u00e1 sente o impacto do primeiro m\u00eas sem o telef\u00e9rico que transportava cerca de 9 mil pessoas por dia.<\/p>\n
Elaine Pacheco, 38 anos, \u00e9 dom\u00e9stica e trabalha em Botafogo. Ela dependia do bondinho para chegar at\u00e9 a esta\u00e7\u00e3o de trem em Bonsucesso e fazer integra\u00e7\u00e3o com o metr\u00f4. Sem o telef\u00e9rico, sua vida anda bem mais complicada. \u201cMinha fam\u00edlia usava todos os dias. Meu marido e eu para trabalhar e meu filho para ir \u00e0 escola. Agora eu pego um \u00f4nibus at\u00e9 o metr\u00f4 e, por n\u00e3o ter integra\u00e7\u00e3o, pago cerca de R$ 4 reais a mais por viagem. Sem falar no esfor\u00e7o de ter que subir o morro depois de um dia cansativo no trabalho. N\u00e3o podemos contar com moto ou kombi todos os dias. A gente est\u00e1 sentindo muita falta\u201d – desabafa a moradora.<\/p>\n
Aline Santos tamb\u00e9m n\u00e3o ficou satisfeita com a paralisa\u00e7\u00e3o: \u201cEu demoro meia hora a mais para sair e voltar para casa. Isso atrapalha meu hor\u00e1rio de jantar, fa\u00e7o tudo com mais pressa. Meu or\u00e7amento aumentou R$ 120 reais, porque eu subia e descia o morro de telef\u00e9rico. S\u00f3 penso em quem mora muito acima das esta\u00e7\u00f5es e precisa carregar peso\u201d, conta a moradora.<\/p>\n Fabiana tem um com\u00e9rcio na Alvorada, ao lado do telef\u00e9rico, e utilizava o transporte para repor suas mercadorias e ir pagar contas. \u201cAgora eu gasto mais tempo e dinheiro para comprar os produtos da minha loja\u201d. Gl\u00f3ria, que \u00e9 bab\u00e1, tamb\u00e9m tem sofre com a volta para casa: \u201cDes\u00e7o a p\u00e9, mas na hora da volta tenho que ter dinheiro para subir o morro\u201d.<\/p>\n Entre as pessoas atingidas pelo problema, est\u00e3o as m\u00e3es que confiavam no transporte dos filhos para o col\u00e9gio\u201d. Esse \u00e9 o caso da balconista Marilzete Fraga, 42 anos, que mora na Grota e tem dois filhos, um de 14 e um de seis anos. Os dois utilizavam o telef\u00e9rico at\u00e9 Bonsucesso. \u201cEu ficava segura porque eles iam \u00e0 escola de bondinho; agora, eles pegam \u00f4nibus e eu morro de medo\u201d, desabafa. Outra m\u00e3e preocupada \u00e9 Walquiria Barbosa, 35 anos, moradora do Largo do Cruzeiro, que n\u00e3o larga o telefone at\u00e9 seu filho chegar na escola. \u201cMeu filho vai fazer 12 anos e agora precisa atravessar o Itarar\u00e9 para chegar \u00e0 escola. Eu ligo o tempo todo, porque \u00e9 uma via muito perigosa e fico muito nervosa\u201d, explica a diarista, que n\u00e3o tem como acompanhar o filho todos os dias at\u00e9 o col\u00e9gio.<\/p>\n Inaugurado em 7 de julho de 2011, o Telef\u00e9rico do Alem\u00e3o foi constru\u00eddo com recursos do Programa de Acelera\u00e7\u00e3o do Crescimento (PAC) numa parceria entre os governos federal e estadual, com um investimento de R$ 210 milh\u00f5es. O sistema tem 3,5km de extens\u00e3o e 152 g\u00f4ndolas, com capacidade para oito passageiros cada. A viagem da primeira esta\u00e7\u00e3o (Bonsucesso) \u00e0 \u00faltima (Palmeiras) tem dura\u00e7\u00e3o m\u00e9dia de 16 minutos. Moradores t\u00eam gratuidade, e visitantes pagam R$ 5.<\/p>\n Essas s\u00e3o algumas das dificuldades que moradores nos relataram pelo Whats App do jornal (21 99535-9185) com a suspens\u00e3o do servi\u00e7o. Conte-nos voc\u00ea tamb\u00e9m sobre o impacto de seis meses sem o principal transporte do Complexo do Alem\u00e3o!<\/p>\n","editor":"Camille Ramos","categoryTitle":"Geral"}
\nFoto: Renato Moura\/Jornal Voz da Comunidade<\/strong><\/em><\/p>\n