Os resgates hist\u00f3ricos mostram que n\u00f3s, pessoas trans, existimos em todos os per\u00edodos da hist\u00f3ria. No entanto, ainda somos tratados como um acontecimento do s\u00e9culo 20, criado pelo saber-poder biom\u00e9dico. \u00c9 preciso entender de onde vem essa invisibilidade social e compreender que os processos hist\u00f3ricos vivenciados pelas transmascunilidades <\/mark><\/a>perpassam, de maneira central, a luta pela sobreviv\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n As necessidades b\u00e1sicas de uma pessoa trans <\/mark><\/a>s\u00e3o t\u00e3o naturais quanto as de qualquer pessoa. Estudar, trabalhar, construir v\u00ednculos afetivos, todas essas quest\u00f5es s\u00e3o parte inerente \u00e0 humanidade e ao exerc\u00edcio da cidadania.<\/p>\n\n\n\n Durante s\u00e9culos fomos for\u00e7ados a manter nossa identidade de g\u00eanero sigilosa para tentar garantir o m\u00ednimo de acesso \u00e0s nossas necessidades b\u00e1sicas.<\/mark> <\/a>Numa sociedade patriarcal-branca-cis-h\u00e9tero que marca com a viol\u00eancia todas as pessoas que transgridem os limites impostos por essa supremacia, a \u00fanica forma para tentar sobreviver \u00e0s viol\u00eancias \u00e9 a tentativa de enquadrar-se.<\/p>\n\n\n\n Uma pr\u00e1tica comum das transmasculinidades para tentar garantir a exist\u00eancia foi o stealth, tecnologia utilizada para se “camuflar” como cisg\u00eanero. Pessoas transmasculinas<\/mark> <\/a>faziam uso de procedimentos de g\u00eanero (horm\u00f4nios e cirurgias), mudan\u00e7a de documentos e depois se exilavam em cidades onde podiam viver o anonimato. Esse anonimato sempre custou a sa\u00fade f\u00edsica e mental da nossa popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n