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{"createdAt":"1667812453000","postId":102527,"categoryId":3357,"title":"Sa\u00fade mental de mulheres negras: o trabalho da Casa de Marias no limite entre \u00edntimo e pol\u00edtico","imageURL":"https:\/\/img.vozdascomunidades.com.br\/wp-content\/uploads\/2022\/11\/07090533\/image.jpeg","imageCredits":"Mulheres que participam da Casa de Marias -\u00a0Divulga\u00e7\u00e3o","postURL":"https:\/\/vozdascomunidades.com.br\/conexoes\/saude-mental-de-mulheres-negras-o-trabalho-da-casa-de-marias-no-limite-entre-intimo-e-politico\/","slug":"saude-mental-de-mulheres-negras-o-trabalho-da-casa-de-marias-no-limite-entre-intimo-e-politico","text":"\n

Por: Dra. Ana Carolina Barros Silva para a Folha de S.Paulo<\/mark><\/strong><\/p>\n\n\n\n

A bala perdida da pol\u00edcia nas favelas sempre nos encontra \u2013imagine agora, que amea\u00e7am retirar as c\u00e2meras das fardas. O alvo do genoc\u00eddio em curso da popula\u00e7\u00e3o negra n\u00e3o mira s\u00f3 os corpos pretos. O projeto de exterm\u00ednio tamb\u00e9m acerta sonhos pretos. Nossas almas, nossos horizontes, nossas pot\u00eancias negras: todas sob amea\u00e7a. \u00c9 poss\u00edvel “morrer em vida” e isso tamb\u00e9m \u00e9 parte da necropol\u00edtica.<\/p>\n\n\n\n

<\/a><\/a>Quando adoecemos, nos estilha\u00e7amos, nos despeda\u00e7amos subjetivamente. Por vezes, morremos um pouco. O crescente adoecimento ps\u00edquico da popula\u00e7\u00e3o negra, dos pobres, do povo perif\u00e9rico, ind\u00edgena, LGBTQIAP+ e quilombola \u00e9 um sintoma muito contundente que nos ajuda a analisar nossa conjuntura atual e extrairmos, pelo menos, duas conclus\u00f5es: o modelo econ\u00f4mico capitalista fracassou e, como cruel consequ\u00eancia de seu estado de crise, precarizou a vida e a sa\u00fade das pessoas mais vulner\u00e1veis; e em uma sociedade onde a desigualdade socioecon\u00f4mica e o racismo estrutural s\u00e3o fatos, n\u00e3o conseguimos cuidar da sa\u00fade mental da popula\u00e7\u00e3o enquanto n\u00e3o aliarmos, em definitivo, a atua\u00e7\u00e3o cl\u00ednica e a luta pol\u00edtica (sempre de classes) antirracista em dire\u00e7\u00e3o a um modelo de sociedade mais igual e justa para todas as pessoas.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 muito improv\u00e1vel (para n\u00e3o ser muito fatalista) que a\u00e7\u00f5es de promo\u00e7\u00e3o de sa\u00fade mental, quaisquer que sejam, produzam resultados expressivos e mais concretos a longo prazo, sob a \u00e9gide de um funcionamento social no qual, ao final do dia, o lucro importa mais que a vida ou no qual sa\u00fade \u00e9 mercadoria.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o existe possibilidade de cuidado real com a sa\u00fade mental em uma l\u00f3gica onde sa\u00fade \u00e9 gasto e n\u00e3o investimento, e onde existe um projeto em curso de privatiza\u00e7\u00e3o, terceiriza\u00e7\u00e3o, precariza\u00e7\u00e3o e desinvestimentos nesse setor t\u00e3o vital.<\/p>\n\n\n

\n
\"Mulheres
Mulheres que participam da Casa de Marias – Divulga\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure><\/div>\n\n\n

A pandemia agravou crises profundas que j\u00e1 existiam em nosso pa\u00eds e nos deixou legados cru\u00e9is. Um deles, sem d\u00favida, \u00e9 o aumento desenfreado dos diagn\u00f3sticos psiqui\u00e1tricos que v\u00e3o desde depress\u00e3o at\u00e9 transtorno de ansiedade, passando pela normaliza\u00e7\u00e3o das ins\u00f4nias, idea\u00e7\u00f5es suicidas, transtornos alimentares, auto-mutila\u00e7\u00f5es, p\u00e2nico, apenas para citar alguns exemplos do que virou corriqueiro em nossos consult\u00f3rios.<\/p>\n\n\n\n

Atuo h\u00e1 quase dez anos no \u00e2mbito cl\u00ednico, atendendo especialmente mulheres negras. E fica muito n\u00edtida, no sofrimento desse segmento da popula\u00e7\u00e3o, a linha t\u00eanue entre o \u00edntimo e o pol\u00edtico. Ventos de esperan\u00e7a parecem ter come\u00e7ado a soprar no \u00faltimo domingo e, com isso, n\u00f3s que trabalhamos com sa\u00fade mental da popula\u00e7\u00e3o negra, pobre, perif\u00e9rica e ind\u00edgena, queremos crer que poderemos finalmente passar a discutir sa\u00fade mental de forma s\u00e9ria e com o devido rigor no Brasil, dentro da concep\u00e7\u00e3o de que ela passa por quest\u00f5es estruturais de garantia de direitos b\u00e1sicos e da \u00e9tica do bem-viver.<\/p>\n\n\n\n

Para promover sa\u00fade mental de forma respons\u00e1vel, precisamos, necessariamente, garantir pol\u00edticas que possam resguardar a dignidade das pessoas: moradia, renda m\u00ednima, trabalho, cultura, educa\u00e7\u00e3o. Pressupondo que esses direitos b\u00e1sicos estejam assegurados, pensar pol\u00edtica p\u00fablica de sa\u00fade mental n\u00e3o passa por promover campanhas de “meses coloridos” (apenas), mas passa sim, fundamentalmente, por garantir mais investimentos que possibilitem uma efetiva amplia\u00e7\u00e3o da rede p\u00fablica de sa\u00fade e aplica\u00e7\u00e3o real do que est\u00e1 previsto no texto da lei que cria o Sistema \u00danico de Sa\u00fade no Brasil.<\/p>\n\n\n

\n
\"Elaine
Elaine Soares, coordenadora de Pol\u00edticas P\u00fablicas em Sa\u00fade de Porto Alegre<\/figcaption><\/figure><\/div>\n\n\n

N\u00f3s, da Casa de Marias – espa\u00e7o de escuta e acolhimento, que atende mulheres cis e trans, negras, perif\u00e9ricas, ind\u00edgenas, LGBTs, quilombolas, imigrantes ou refugiadas em situa\u00e7\u00e3o de vulnerabilidade -temos trabalhado cotidianamente para pautar a discuss\u00e3o de sa\u00fade mental em nosso pa\u00eds nesses termos e para seguir cuidando das pessoas nesses tempos t\u00e3o dif\u00edceis que vivemos.<\/p>\n\n\n\n

Sabemos que iniciativas como essa s\u00e3o apenas gr\u00e3os de areia\u00a0em um cen\u00e1rio de desmonte sist\u00eamico e de fissuras graves em nossas institui\u00e7\u00f5es. Por\u00e9m, acreditamos que seja poss\u00edvel, mesmo diante da tempestade, que experi\u00eancias como essa sejam apontamentos concretos de um caminho mais pr\u00f3ximo e coerente com aquilo que concebemos como sa\u00fade p\u00fablica. O nosso horizonte ideal ainda est\u00e1 distante, por\u00e9m, temos consci\u00eancia de que os sonhos se constroem hoje e \u00e9 por esse motivo que seguimos na luta constante por justi\u00e7a social.<\/p>\n\n\n\n

Dra. Ana Carolina Barros Silva
<\/strong>Psicanalista, com doutorado pela USP e pela Universit\u00e9 Paris VIII, coordenadora-geral da Casa de Marias<\/p>\n\n\n\n

PerifaConnection<\/strong>, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, \u00e9 feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento. Texto originalmente escrito para Folha de S. Paulo<\/strong><\/p>\n","editor":"PerifaConnection","categoryTitle":"Conex\u00f5es"}