Entre as frequências de sinal geradas por uma antena e a disponibilização de programações diárias, o aparelho de rádio conquistou boa parte dos moradores nas comunidades cariocas, marcando presença até nos dias de hoje. Além disso, por ser um dispositivo de custo acessível, o meio de comunicação se tornou uma das principais formas de noticiar de forma instantânea e para um grande público.
Nas favelas do Rio de Janeiro, por exemplo, o meio de comunicação ganhou outra afinidade: a de se comunicar com a população local, informando sobre o comércio, eventos e até operações policiais que ocorrem no momento. Nesta perspectiva, surgiu a área de atuação conhecida como rádio comunitária. E, no Vidigal, há 40 anos a Estilo Livre desempenha função social e musical na comunidade da Zona Sul.
No comando de José Wanderley, de 53 anos, a estação sintonizada na 102,5 FM e que conta com a sua própria plataforma online demonstra a importância da comunicação direta com os moradores. Para ele, que é cearense mas mora no Vidigal há 50 anos, a presença da rádio comunitária realiza um trabalho de base, de transformação social e de apresentar as demandas que a favela possui.
“Dentro das comunidades, uma emissora local tem muito significado, levando notícias de forma rápida, compartilhando campanhas, fortalecendo o vínculo com o comércio local e, também, sendo um elo de comunicação com o poder público. Eu já sou da rádio há muito tempo e, por aqui, fiz cursos de capacitação e pude ajudar muita gente através de ações sociais, indicação de empregos através de parcerias com empresas e muito mais”, ressalta.
Segundo o radialista, a Rádio Estilo Livre é reconhecida como uma das principais no meio de comunicação comunitária, recebendo mais de cinco premiações da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro desde a sua inauguração. Wanderley ainda ressalta que, além da transformação social no Vidigal, está a frente desta iniciativa mudou a sua vida.
“O rádio sempre me fascinou e a mudança foi bem grande, uma delas foi a responsabilidade de ter um meio de comunicação claramente muito forte na comunidade, as coisas faladas, as entrevistas e até as músicas tem que ser verificadas para não cair em armadilhas ou prejudicar alguém”, comenta.