Há cinco anos na Praça do Vidigal, a combinação de pastel e um copo de suco de caldo de cana de açúcar tem sido um pedido constante dos moradores e visitantes que transitam por uma das comunidades mais famosas na capital carioca. Pois, naquele espaço público, a barraca do Pastel do Russão, de Tiago Vieira de Jesus, de 31 anos, atende mais de cem pedidos diariamente na região.
Natural de Minas Gerais, Tiago escolheu a favela da Zona Sul para ser um dos pontos do seu empreendimento especializado no preparo de pastéis e no rodízio especial de caldo de cana de açúcar. O “combo da felicidade”, como define a clientela, custa apenas R$ 4 e a pessoa tem o direito de beber até 50 copos de suco.
“A escolha em abrir uma barraca de pastéis e caldo de cana de açúcar aqui passa muito pelas características do Vidigal, que possui a circulação de diversas pessoas de vários lugares e países. E, quando chegam aqui, muitos ainda não experimentaram esse ‘combinho’ e ficam muito encantado”, destaca o empreendedor.
Além do empreendimento na comunidade da Zona Sul, Tiago também tem estabelecimentos do mesmo ramo comercial na Vila Isabel, Freguesia, no Rio das Pedras, na Curicica e no Morro do Banco. E, aos domingos, os funcionários participam das feiras na Rua Montevidéu, na Penha, e na Estrada Adhemar Bebiano, em Inhaúma, ambas localizadas na Zona Norte do Rio de Janeiro.
De família mineira, ele possui a participação de parentes em sua equipe diária de profissionais, como o seu primo Emerson, que trabalha desde o início da instalação na tenda do Vidigal. Ele, que atende de segunda a segunda nesta localidade, relata que a popularidade do negócio começa com o bom tratamento e relacionamento com os moradores e os turistas, que frequentemente transitam por ali. Às vezes, segundo Emerson, precisa até arriscar outras línguas no momento do atendimento.
“O combo de pastel e caldo de cana de açúcar é o pedido mais feito, pois é um rodízio que caiu no gosto dos moradores e dos visitantes. Porém, também temos outros lanches de fritura aqui, como kibes e coxinhas de carne e tudo mais”, explica o vendedor.
Para montar o empreendimento no local, Emerson detalha que foi necessário a licença da Prefeitura do Rio de Janeiro pelos equipamentos de alto risco utilizados, como a panela de fritura e a máquina de moer a planta de cana de açúcar. O trabalhador ainda destaca que, para manusear de forma correta todos os equipamentos e entender os procedimentos de preparação dos alimentos, todos os funcionários passaram por um curso específico. “É importante aprender todos os meios de segurança”, comenta.
De forma emocionada, Tiago relembra a trajetória até aqui. Pertencendo a uma família de quatro irmãos, ele revela que a imigração para o Rio de Janeiro foi realizada de um a um, pois almejavam uma condição de vida melhor e de estabilidade financeira . Hoje, depois de anos de tentativa, todos os familiares residem na capital carioca.
“Sim, somos todos mineiros. Nossa vinda para o Rio foi pela necessidade de um emprego melhor e, com isso, acostumamos a ideia para todos os irmãos, vindo um a um. Hoje a família tá completa aqui e bem estabilizada”, define.
Com uma quantidade de 9 funcionários fixos, que realizam o expediente diário nas 6 localidades que a barraquinha atende, o Pastel do Russão também pretende concluir a expansão dos seus negócios para outras comunidades do Rio de Janeiro em breve. Tiago, que já trabalhou em outras tendas de comércio de lanches na cidade, compartilha que a ideia de montar um negócio próprio surgiu após diversas experiências nessa área. E, em uma dessas, contribuiu com o lançamento do combo de pastel mais um copo de cana de açúcar. E, agora no seu, definiu como “prato chefe” o rodízio de 50 copos para quem quisesse.
“A ideia surgiu após trabalhar para alguns patrões em outras tendas de comida. Aí, quando construímos o Pastel do Russão, a ideia central era oferecer esse rodízio tão querido por todos”, conta.
Com atendimento de segunda a segunda, um dos empreendimentos mais tradicionais no Vidigal estabeleceu um laço de confiança com os moradores da região. Muitas vezes, amigos e conhecidos definem o estabelecimento como um ponto de encontro, de confraternização, enquanto aproveitam os lanches oferecidos.
“A gente sempre pensa no bem-estar e na fidelidade dos nossos clientes. Preparamos os nossos pedidos com muito carinho e atenção para que todos sempre voltem e lembrem do que oferecemos: um ‘combinho da felicidade’ e uma experiência única. Claro, temos planos de atender mais bairros possíveis, mas um passo de cada vez”, comenta Emerson.