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O impacto da injustiça ambiental em um país de desigualdades

Metade da população mundial já vive sob risco climático e, infelizmente, não vamos mais conseguir frear alguns dos sérios efeitos da mudança do clima
Foto: Reprodução

Por: Karina Penha para Folha de S. Paulo

O mês de fevereiro marcou intensos acontecimentos que apontaram para a crise climática como um risco iminente, real e mais perto do que se pode imaginar da população brasileira.

Apesar da conversa sobre clima envolver a discussão sobre a intensidade de fenômenos comumente naturais, é preciso parar de aceitar tudo como culpa exclusiva das alterações climáticas, especialmente quando os alertas estão sendo dados e os riscos podem ser reduzidos ou evitados.

Algumas semanas após o governo federal reduzir mais de 45% dos recursos para prevenção a desastres do Ministério do Desenvolvimento Regional, fortes chuvas causaram alagamento e centenas de mortes em várias partes do país.

Do Sudeste ao Nordeste, relatos de desastres têm se intensificado. No Maranhão, cidades do interior do estado, que não possuíam histórico de desastres por enchentes, deixaram grande parte de suas populações desabrigadas.

Dos 217 municípios maranhenses, apenas 20 possuem coordenação municipal de Defesa Civil. Sem nenhum plano de prevenção ou ação, as populações mais afastadas dos grandes centros urbanos são as mais impactadas pela falta de infraestrutura e de órgãos responsáveis.

Falar sobre prevenção e resposta para desastres é falar sobre adaptação aos extremos climáticos. Cidades do interior dos estados, comunidades tradicionais e regiões periféricas muitas vezes precisam aguardar a ajuda de fora que pode exigir um tempo fundamental para evitar perdas em caso de desastres.

Como um alerta para o aumento desses eventos extremos, a segunda parte do sexto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) trouxe ainda mais dados para a comprovação de que as ações humanas estão afetando o clima no planeta e escancarando cada vez mais as desigualdades no mundo.

O novo estudo aponta que tragédias como essas se tornarão cada vez mais frequentes. Com todos esses alertas, é preciso evitar que populações frequentemente invisibilizadas pelo poder público e pelo modelo de vida que vivemos sofram mais uma vez na história com o descaso e sejam vítimas de injustiças ambientais.

O recado é claro: metade da população mundial já vive sob risco climático e, infelizmente, não vamos mais conseguir frear alguns dos sérios impactos e efeitos da mudança do clima, mas é preciso pensar em como o mundo, e, em especial, as populações que vivem em territórios mais vulneráveis, irão se adaptar a eles.

Responsabilizar os tomadores de decisão, cobrar planejamento e mobilizar a população pela justiça climática é um passo urgente no combate às desigualdades socioambientais.

Karina Penha
Bióloga e ativista socioambiental. Faz parte da iniciativa Fé no Clima, é articuladora do Engajamundo e mobilizadora do Nossas

PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, é feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento. Texto originalmente escrito para Folha de S. Paulo

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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