Conheça a May Crochê, marca criada por empreendedoras do Complexo do Alemão

Mayara e Bruna atualmente produzem bolsas, chaveiros, saídas de praia e croppeds em pedraria
Mayara e Bruna são empreendedoras do Alemão Foto: Uendell Vinicius / Voz das Comunidades

“Eu olhei e pensei ‘acho que eu consigo fazer isso’, fui para a internet, vi uns vídeos e fiz”. Assim começou a marca May Crochê, criada por Mayara Lima e Bruna Tavares. As amigas, que são crias do Complexo do Alemão, começaram fazendo chaveiros de crochê para lembranças de aniversário. E o que era apenas uma lembrancinha invadiu a moda fashion e foi parar nas bolsas e até no carnaval. 

Mayara conta que já tinha feito crochê quanto tinha 10 anos, mas não sabia nada mais que o básico. Mesmo assim, não desistiu. Ela conta que começou a olhar produtos na internet e ter vontade de fazer. “Eu achei uma bolsa linda e tentei fazer ela. Eu sou assim, eu tento muito fazer as coisas. Não fui fazer curso, nem nada. Foi só pela internet.”  

A ideia de fazer a bolsa veio da internet e logo se tornou um sucesso de vendas Foto: Uendell Vinicius / Voz das Comunidades  

Ela conta que a primeira bolsa produzida saiu horrorosa. “A primeira nunca vai ser boa, mas o segredo está em não desistir. Tem que insistir. A primeira bolsa ficou mole. Mas ainda assim eu vendi a bolsa”, conta a empreendedora. Mayara explica que logo em seguida começou a fazer parcerias pelo Complexo do Alemão. “´É muito importante para a gente essas parcerias. É incrível ver um empreendedor apoiando outro, e ainda mais sendo na mesma comunidade.”  

Mayara, que é feirante, técnica de enfermagem, maquiadora e cuidadora de idosos, explica que não aceita ficar parada. “A gente tem que fazer o nosso corre né? Não posso ficar parada. Mas foi na moda do crochê que eu me encontrei”, conta.  

Ela explica que cada peça que ela bota a mão para fazer, ela não sabe o que vai sair. “Você vai criando, vai criando, vai criando. Quando você vê, ficou perfeito e as pessoas gostam e me procuram nas redes sociais”. E é aí que Bruna entra. Ela é responsável pelo marketing da marca e por toda a divulgação. “Eu entro com as parcerias. Não consigo fazer nada com o crochê. Mayara já tentou me ensinar e não aprendi”, conta Bruna rindo. 

Mayara percebeu que os croppeds em pedraria seriam um sucesso no carnaval e logo arriscou fazer.  Foto: Uendell Vinicius / Voz das Comunidades   

Tanto Mayara como Bruna contam que por ser uma marca de favela é tudo muito mais difícil.” Nem todo mundo se interessa em vestir uma marca de comunidade. Mas tem pessoas que são boas de coração e que ajudam, como já aconteceu com a gente e somos muito gratas”, conta Mayara.  

Bruna conta que a divulgação e as parcerias são feitas na cara e na coragem, por meio das redes sociais. “Fizemos uns croppeds em pedraria e começamos a enviar por rede social para várias meninas do carnaval. E quando percebemos tinham várias musas do carnaval carioca usando nossas peças. Porque uma vai indicando para outra.” 

As empreendedoras do Alemão contam que onde elas enxergam tendência, elas entram. E quanto ao futuro da marca? Mayara explica que seu sonho é recrutar mulheres que trabalham com crochê e artesanato. “Quero poder assinar carteira, gerar emprego e melhorar a vida de muitas mulheres. Também penso em ensinar. Às vezes uma pessoa quer uma renda de trabalho e não tem. Às vezes a mulher está com criança dentro de casa, a criança dormiu, ela pode ir para o crochê.” 

As amigas contam que não desistem. “Se a gente não sonha, a gente não faz acontecer. Você já tem que acordar e dizer que vai dar certo e que vai conseguir. Aos pouquinhos, estamos conseguindo e mostrando que no Complexo do Alemão também se produz moda.” 

Gostou? Acompanhe as empreendedoras pelas redes sociais (@may.crocheof).  

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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