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OPINIÃO – Baixada Fluminense: queria gostar, mas tô amando

Foto: Reprodução
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Um parque com vista para as montanhas da metrópole carioca, crianças correndo, casais andando de bicicleta, uma mãe ensinando a filha os seus primeiros passos nos patins… Não é uma cena de filme: é um domingo de sol no Parque Natural do Gericinó, em Nilópolis.

O lugar é um daqueles que a gente até já ouviu falar, acha super curioso, mas nem sabe direito como chegar. É gratuito, seguro, tem vaga pra estacionar de graça lá dentro, não perde em nada pra Quinta da Boa Vista – esta sim, você conhece e já foi.

A Baixada Fluminense tem dessas coisas mesmo. Quem é de fora já ouviu falar, mas mal sabe chegar. “Pavuna é Baixada, né?” Alguns chegam a perguntar. Inclusive tenho uma teoria que Pavuna é uma cidade da Baixada Fluminense custeada pela Prefeitura do Rio…

O fim-de-semana que precedeu o Dia da Baixada desse ano foi especial. Um solzão lindo, Gericinó cheio, barraquinhas de feira, água de côco… E o Sesc de São João de Meriti promoveu um show do Ferrugem no Parque. Ok, ele nem é da Baixada Fluminense, mas é vizinho nosso ali de Campo Grande. Além disso, faz parte da estratégia chamar um artista nacional para chamar atenção às atividades locais.

Um show que começa às 19h é diferente. É pra família. E o cantor já entrou no palco de mãos dadas com as filhas, além de ter cantado várias músicas com/para elas. É no alto dessa empolgação que ele dispara: “Cantar pras famílias é sempre muito bom”.

Acostumado com a madrugada, Ferrugem encontrou o ambiente ideal para levar a família e mostrar pras suas meninas que o papai tem fãs, que ele trabalha com música, que muita gente gosta dele. E como gosta: a pequena Allana Larissa cantou tanto que foi convidada para o palco. A menina cantou com Ferrugem alguns trechos de músicas e arrancou muitos aplausos do público. Inesquecível, né Allana?

Pensar na Baixada Fluminense é pensar em momentos de família. É sobre gente trabalhadora que luta pela sua dignidade e curtir um pagodinho fazendo churrasco.

A Baixada Fluminense é o aconchego do trabalhador. Não à toa o Dia da Baixada é um dia antes do 1º de maio.

A data do Dia da Baixada foi escolhida em memória da inauguração da primeira estação de trem do Brasil, a Guia de Pacobaíba, em Magé. É no mínimo simbólico que o trem, usado pela força trabalhadora para se locomover na metrópole carioca, exerça protagonismo na data.

Mas também é simbólico que o dia mais importante da região ainda seja tão pouco comemorado ou lembrado. A data é acompanhada de uma lei que não só a estabelece, mas também diz pra que serve: promover o território, mexer com a autoestima do morador e servir como culminância do ensino de história da Baixada Fluminense nas escolas.

É a oportunidade de mostrar lugares como o Parque do Gericinó em Nilópolis, ou ainda o Parque Natural de Nova Iguaçu, ou quem sabe o percurso do Museu Vivo do São Bento em Duque de Caxias… Olhar com carinho pra Fonte Carioca em São João de Meriti, ou quem sabe curtir o dia na Baronesa de Mesquita, na caçulinha da Baixada Fluminense.

30 de abril, Dia da Baixada. Uma celebração de um lugar apaixonante, que pode mexer com o seu coração. Um lugar que vai te surpreender.

Quem diria eu feito um bobo assim: a Baixada despertou o amor em mim.

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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